Canto da Boca: Viver é coisa de profissional
Já cantava Gonzaguinha!
domingo, 1 de junho de 2014
O gato
Numa
dessas noites frias e úmidas, dessas que ninguém quer mexer-se muito eis que
chega em meu telhado um gato. Um gato malhado que nunca havia pisado em minhas
telhas.
Olhei-o
em silêncio. O gato malhado aproximou-se e (...) bem, não posso dizer que miou,
foi quase, quando muito, algo próximo disso.
- Mi
au au! au au au au! miaaaauuuu
Achei
aqui muito estranho e perguntei ao gato malhado:
Tudo
bem contigo? fala duas línguas ou é bipolar?
- Não
é bem assim!
Respondeu-me
o gato malhado, mas eu explico, aliás, como sempre preciso fazer quando mio
perto de estranhos:
-
Aconteceu quando eu ainda estava em minha primeira vida, recém-nascido e mamava
em minha mãe. Na primeira semana a menina que cuidava da nossa ninhada resolveu
colocar-me para mamar na cadela prenha da família. Uma, duas, três, vezes
seguidas. E foi dali em diante que nunca mais miei como os outros gatos. Até
análise já fiz, uma vez que o fonoaudiólogo jogou a toalha.
- Mi
au au! au au au au! miaaaauuuu
E assim como chegou naquela noite fria sobre o
meu telhado; foi-se embora aquele gato estranho, aquele gato – já disse que era
malhado?
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
O bêbado, a moça e as caveiras
Élcio
Noite quente e uma lua
Que a tudo está a espiar.
Desde o bêbado a rodopiar
A moça na janela (seminua).
No cemitério próximo, as caveiras,
Até ontem tão branquelas
Já hoje, meio banguelas
Estão a sorrir faceiras.
Ao lado as lapides são novas;
Com inquilinos novos que dormem.
Não sentem os vermes que lhes carcomem
As entranhas, as carnes. Postas em larvas!
E sob a mesma lua, a janela alguém fechou;
Quando o bêbado, a moça cortejou.
Noite quente e uma lua
Que a tudo está a espiar.
Desde o bêbado a rodopiar
A moça na janela (seminua).
No cemitério próximo, as caveiras,
Até ontem tão branquelas
Já hoje, meio banguelas
Estão a sorrir faceiras.
Ao lado as lapides são novas;
Com inquilinos novos que dormem.
Não sentem os vermes que lhes carcomem
As entranhas, as carnes. Postas em larvas!
E sob a mesma lua, a janela alguém fechou;
Quando o bêbado, a moça cortejou.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Dorme amor, dorme!
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Dorme amor, que eu velo o teu sono.
Serei o Cavaleiro da Triste Figura,
Insano, bravo e, ao mesmo tempo terno.
Dorme silente, sem nenhuma agrura.
Sei que um dia hás de retornar;
Até lá, serão dias de expectativas...
Continentes hei de contornar,
Dormirei com suas nativas.
Buscar-te-ei na rebentação,
Nas espumas das marés,
E perscrutarei cada constelação.
Contudo, enquanto não voltas, sou cão sem dono,
Sou flecha sem arco; sou homem dos cabarés!
Pois, dorme o amor (em mim) e eu velo o teu sono.
Foto: Internet - Desconheco autoria
terça-feira, 8 de abril de 2008
Há lágrima que jamais rola
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Há lágrima que jamais rola
Em geral isso é por orgulho.
Ela enrijece, vira pedregulho.
Pouco importa; se há marola
Ou não dentro naquele peito.
Não ela não rola; sedimenta.
Olhos rubros, cor de pimenta?
Não senhor, não sou afeito.
E isso, confesso me incomoda
Causa estupefação; estranheza.
Nos dias atuais está fora de moda;
Esconder sentimentos é idéia tola!
Contudo, o pai de Isabella em sua frieza
Ainda cultua a lágrima que jamais rola.
Imagem: Internet - Desconheço autoria.
segunda-feira, 31 de março de 2008
A Língua
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A língua é enxerida,
Contudo, indispensável.
Com memória indelével,
Limitada em sua guarida
Prova do farto a mingua
Temperos e temperaturas.
Da pele nas curvaturas;
Ao sabor de outra língua.
Do corpo é quem sinaliza,
Se verde ou vermelho,
Se avança ou finaliza.
Se a refeição se fará
No sagrado e com molho
Ou no profano, ao Deus dará.
Imagem: Internet
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